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terça-feira, 21 de abril de 2020

O Tempo de uma Vida




O corcel 75 foi embora
deixando a poeira subir no meu rosto
e tudo foi ficando embaçado
e o tempo vivido no passado

A estrada que eu dormia a noite
foi fazendo parte da minha biblioteca
e todas as minhas alegrias,
em um colo por lá ficou 

Agora eu preciso olhar pra frente
abrir o peito para o que vem
eu tenho tanta ansiedade no meu quarto
eu grito, mas não vem ninguém
por mais que eu grite, só tenho Deus

Eu peguei uma arma
e roubei um beijo,
da mais linda das mulheres
e de repente eu me vi no labirinto,
de me entregar a quem nunca me viu

Eu passei por vários desertos sem tocar em uma seda
meu coração parecia estar enterrado em um gelo
e meu corpo que explodia de tanta correnteza
não sabia nem sequer o que era um rio correndo para o mar

Coloquei o meu colete a prova de balas
e segui protegendo minha cabeça
a cada curva era um monstro querendo me engolir
mas quem cuspiu cada um, fui eu
quem mastigou todos eles...foi minha fome de viver,
fome de viver...

O lobo temporal foi atingido
eu abri a guarda, eu fui inocente
dei o ouro a quem já tinha todo brilho
fui ao inferno sem passagem de volta,
com o diabo segurando nas minhas costas
e de longe eu vi alguém sorrindo ...

No último respiro eu explodi
e mesmo ferido eu consegui vê
aquele Corolla 2020, jogando poeira em meu rosto
então eu lembrei de onde eu vim
e o que eu sempre desejei...


Autor: Otto Di Cavalcanti



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